quarta-feira, 29 de julho de 2009

14° DIA APÓS A CIRURGIA – QUARTA-FEIRA – 29/7/09

O dia amanheceu com um sol enorme no meio de um frio danado. Levantei, tomei os remédios e fui dar uma bela caminhada. Passei a manhã toda perambulando pela rua. Estava muito bom.

Após o almoço fui até o local onde trabalho, entregar o atestado médico de 15 dias pela cirurgia. Contei a minha história umas 20 vezes, para cada um que perguntava. Foi muito bom estar de volta ao local de trabalho, mesmo que em rápida passagem. Como não há nada em minha área urgente para ser feito, está tudo em dia, vou permanecer afastado para gastar minhas horas do “banco de horas” da empresa.

Hoje está sendo um grande dia para mim, pois a Mônica passou a revisar os meus relatos diários da cirurgia e principalmente, colocá-los neste Blog que vocês estão tendo acesso. Até o nome de acesso ao blog foi idéia dela.

Tenho tomado líquidos como Ades, suco de cenoura, chá e papinhas, estas feitas de carne com legumes batidos no liquidificador. Não estou adicionando carboidratos como batata, batata-salsa, aipim, etc. Estou procurando ingerir o mínimo possível de calorias, pois preciso continuar a emagrecer.

Estou sem fome, sem sede e sem dor. Tenho dormido bem, pois passo o dia inteiro me movimentando. Tenho evacuado normalmente, mas em pequena quantidade, com coloração normal e quase sem cheiro. A urina está sempre clara. A pressão está boa (13 por 7) e a temperatura melhor ainda, 36.3°C. Vou terminar de assistir o jogo na televisão e vou me deitar.

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13° DIA APÓS A CIRURGIA – TERÇA-FEIRA – 28/7/09

O dia amanheceu com frio, muito frio e chuva. Logo, não pude caminhar como esperado e isto me aborrece muito. Tomei os remédios para pressão e para o estômago. Aproveitei a manhã para arrumar o guarda-roupa e a caixa de ferramentas.

Continuo sem fome, sem sede e sem qualquer tipo de dor. O que me incomoda ainda um pouco é a coceira nos cortes, significando que estão cicatrizando bem.

Conforme indicação do Dr. Celso, passei a tomar papinhas, feitas de caldo de carne com legumes no liquidificador. Tomo sempre quente. Estava uma delícia, pois a carne dá aquele gosto especial à comida.

No final da tarde fomos assistir Harry Potter e me dei ao luxo de levar no bolso, enrolado em um plástico, duas bolachas Bonno, recheadas, as quais foram minhas companheiras durante o filme, regadas à água de coco. Estava uma delícia. Olhem só eu furando a dieta. Não devo comer nada doce, mas como foi para uma causa nobre, eu me desculpo. Vejam que situação. Duas bolachinhas e estou me sentindo culpado. E pensar que antes da cirurgia eu misturava um pacote inteiro de Bono chocolate com leite gelado, e tomava tudo de uma sentada só, antes de dormir. Só tinha que engordar mesmo. Não tinha jeito, não.

Hoje foi festa no arraial. Tomei a última injeção na barriga. Que alegria. Às 11:00 fui me deitar.

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12° DIA APÓS A CIRURGIA – SEGUNDA-FEIRA – 27/7/09

Acordei cedo, tomei um bom banho e fui caminhar. Hoje o dia estava um pouco mais quente. Fui até o CIC e retornei, passando pelo Angeloni para tomar um Ades de banana (200ml) durante o retorno.

Após o almoço fui retirar os pontos no consultório do Dr. Celso. Ele me pesou e estou com 118 Kg, isto é, 12 Kg mais magro, o que dá uma média de emagrecimento de 01 Kg por dia, desde a cirurgia. Passo agora para a fase das papinhas, seguindo a recomendação entregue anteriormente no hospital. Devo permanecer nesta dieta pelos próximos 30 dias. Em seguida me pediu que levantasse a camisa e deitasse em uma maca para a retirada dos pontos, o que foi feito em questão de minutos. Senti somente um ardido da puxada do fio em cada um dos quatro cortes. Não sangrou nada e segundo ele, estava tudo em ordem, inclusive o orifício do dreno, que está praticamente fechado, mas devo continuar a trocar os curativos até formar uma casquinha por cima.

Segundo avaliação do Dr. Celso, estou indo muito bem e devo perder mais de 15 kg nestes primeiros 30 dias. Acertamos nova consulta para o dia 12 de agosto de 2008, sexta-feira às 15:30.

Voltei para casa com o Fernando e fomos à Lagoa da Conceição, à Universidade e à padaria. Passeamos por umas duas horas de carro. Eu no volante, é claro. Ao retornar a vó me aplicou a última injeção de Clexane na barriga. Que alívio, pois por mais que não doa, ninguém gosta de injeção, mesmo na barriga.

À noite, passei pela cozinha e vi um prato lindaço de macarrão coberto de mignon em fatias. Não me agüentei e coloquei dois pedaços pequenos de carne na boca. Foi maravilhoso, acrescentando ainda o fato de que tudo o que é proibido parece ser bem melhor. Creio que pela falta de prática em mastigar, acabei engolindo a carne em pedaços muito grandes. Nada me aconteceu nos primeiros 5 minuto, mas logo comecei a ficar com muita dor de estômago. Realmente doía um monte. Fui até o tanque e chamei o hugo (vomitei), com o que coloquei para fora os pedaços de carne mal mastigados. O castigo veio a cavalo. A ordem estava clara “papinha” e eu já passava a querer beliscar umas carnes. O lado bom disso é que aprendi, na marra, que se abusar o vômito aparece. Foi bastante desagradável e dolorido. Espero que tenha sido a primeira e última vez que furo a dieta.

Como a dor passou logo em seguida ficou tudo bem. Fui me deitar às 11:30.

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11° DIA APÓS A CIRURGIA – DOMINGO – 26/7/09

Frio, muito frio hoje em Floripa. Levantei às 07:30 na mesma situação que se consolida a cada dia. Sem fome, sem sede, sem dor, sem tosse e com a boca normal, sem estar amarga. As injeções na barriga no final da tarde estão começando a doer, creio que é sinal que não gosto mais delas. Ainda bem que amanhã terminam as 10 doses (uma por dia).

Com este frio, a Silvia decidiu cozinhar uma feijoada para a turma aqui de casa. Começou o preparo desde ontem à noite. Imaginem o cheirinho pelo apartamento. Grande teste, se hoje eu não morrer de vontade, nunca mais. Quando o pessoal estava devorando a feijoada, dei um pulo na cozinha e, sob olhares atentos e curiosos, peguei uma xicrinha de uns 80 ml de caldo da feijoada, bem, mas muito bem misturado para subtrair toda a “sustância da dita cuja”. Peneirei e tomei, aos pequenos goles. Foi muito, mas muito bom mesmo. Agora estou em compasso de espera para medir as conseqüências. O importante que afoguei o meu desejo nesta xicrinha. Se não tivesse tomado, era capaz de ficar sofrendo o dia todo feito um bananão pela casa.

Fui deitar cedo e passei boa parte da noite acordado, sem sono.

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DÉCIMO DIA APÓS A CIRURGIA – SÁBADO – 25/7/09

Tive uma noite tranqüila com pouca tosse, porém estou cercado de esposa e filhos com gripe. Está todo mundo tossindo sem parar, menos eu, cuja crise de tosse se foi. Continuo sem fome, sem sede, temperatura e pressão arterial OK, somente com a boca um pouco amarga.

Às 09:30 fui ao Bistek comprar uma picanha para o almoço (deles). Dei uma boa passeada de carro (sozinho). Dia nublado com muito frio. Como é bom dirigir.

Retornei, temperei a picanha e coloquei para assar. Até então sem vontade alguma. O problema foi o cheirinho que ficava exalando do forno e percorrendo a casa toda atrás de mim. Não teve jeito, mesmo com o meu caldinho de carne, passei uma vontade danada, ainda mais que a vó resolveu fritar um bacon, para misturar na salada. Fui tirar uma soneca em meu quarto, meu refúgio para estes casos.

Lá pelas 11:00 a Silvia foi levar a Mônica na Unimed, pois já estava com 38,8°C de febre e dores por todo o corpo. Ainda bem que era somente resfriado.

Preciso me esforçar para começar a tomar água ao invés de suco, mas o frio está dificultando. Se quiser alcançar minha meta de pesar 2 dígitos na balança até o meu aniversário, que é dia 16 de outubro, vou ter que me esforçar ainda mais. Serão 30 quilos eliminados em 60 dias pós cirurgia. Vou conseguir. Minha esperança está em aumentar meu gasto calórico, mas com este frio não me arrisco a voltar a caminhar e acabar me resfriando. A salvação será quando puder voltar para a academia de ginástica. Vou consultar o Dr. Celso na segunda sobre esta questão.

Antes de dormirmos foi um reboliço total no apartamento. Como uns estavam mais resfriados do que outros e eu, nesta situação de “o protegido”, a vó e a Silvia acabaram dormindo na sala, e cada um dos 4 restantes em seus respectivos quartos.

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NONO DIA APÓS A CIRURGIA – SEXTA-FEIRA – 24/7/09

Passei boa parte da noite tossindo à beça. Pela manhã estava com dor no abdome e tomei 50 gotas de Dipirona. Esta fazendo muito frio e não deu para colocar o nariz para fora da janela. Passei a manhã mosqueando pela casa.

No meio da tarde dei uma boa caminhada até a Pizza Hut. Na volta passei no Imperatriz e tomei um suco de manga. Como não encontrei tipo light, sem adição de açúcar, não consegui beber os 200 ml contidos na embalagem.

Cheguei em casa, tomei banho, a vó trocou os curativos e fui deitar. Acordei as 19:30, muito bem.

Tenho tomado somente líquido, seguindo a dieta de modo exemplar:

  • água de coco
  • suco Ades de uva, manga e maçã, todos do tipo light – sem adição de açúcar,
  • caldo de carne ou frango (magra cozida com legumes, peneirada)
  • gatorate
  • chá.

O gosto amargo da garganta vai e vêm. Continuo sem fome, sem sede e sem dor resultante da cirurgia. A dor que tenho sentido é devido à tosse, que força a musculatura do abdome. Tenho sentido um ressecamento da pele, principalmente na palma das mãos. Tenho evacuado todos os dias. São muitos gases e poucas fezes, estão bem moles e de cheiro normal. Não apresento urgência em ir ao banheiro para evacuar. O que mudou até agora foi o horário. Antes da cirurgia eu ia ao banheiro todos os dias, uns 30 minutos após levantar. Agora não tenho previsão de horário.

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OITAVO DIA APÓS A CIRURGIA – QUINTA-FEIRA – 23/7/09

Levantei às 05:30 sem sede, sem fome, sem sono, sem dor, temperatura OK, pressão arterial OK, sem nada de anormal, salvo uma pequena tosse de fundo que vez ou outra se faz presente. Nem parece que sofri a cirurgia há uma semana atrás. Estou começando a ficar desconfiado. Está bom demais para ser verdade.

Como a empregada não vem às quartas-feiras e eu não consigo ficar parado, dei duas maquinadas de roupa e estendi. Dei uma geral na cozinha e na sala, somente colocando algumas coisas no lugar (que maridão, hein?).

A Silvia levantou, tomamos café, isto é, ela café e pão e eu aquele caldinho de carne básico. Ela foi trabalhar (alguém tem que pagar as contas) e eu fui caminhar até o Angeloni. Comprei um suco de banana e retornei até o McDonald e depois fui para casa. Como estava fazendo bastante frio (11°) me agasalhei bem. Ao chegar em casa estava todo suado. A camiseta de baixo mostrava as manchas de suor. Aproveitei e tomei banho.

Durante os curativos, observei que estava nascendo pêlos bem próximos ao orifício deixado pelo dreno. A vó cortou com uma tesoura, mas não foi suficiente. Então, usamos um prestobarba para raspar bem e evitar que o corte feche com algum pelo dentro.

A tosse começou a ficar persistente e a temperatura subiu para 37,5°C. Telefonei para o Dr. Celso preocupado, pois ficar tossindo o tempo todo me dói a barriga toda. Dói devido ao esforço e não pela cirurgia em sí, mas é bom prevenir. Ele me disse para não se preocupar e que deveria tomar um xarope contra a tosse o qual, depois de diversas tentativas, ficamos com o Sêki. Tomei 50 gotas de Dipirona, 30 gotas de Sêki.

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SÉTIMO DIA APÓS A CIRURGIA – QUARTA-FEIRA – 22/7/09

Passei uma noite bastante agitada. O gosto amargo na boca praticamente sumiu. Creio que deva ser devido ao Nexium, que estou tomando desde ontem.

Hoje foi o grande dia para mim, pois me pesei pela primeira vez desde a cirurgia. Imaginava que deveria ter perdido alguns quilos, mão não tanto. Foram 9,2 Kg em uma semana. Quem estava com 130 kg é uma boa notícia. Aparentemente estou um pouco mais magro, mas quando perder mais uns 10 kg é que começarei a me sentir realmente mais magro.

Fui caminhando até o Beira Mar Shopping, peguei extratos de contas bancárias e comprei um suco de manga no Imperatriz. Não estava quente e não estava sentindo calor, mas me banhei de suor, nas axilas e debaixo dos peitos (os gordos sabem do que estou falando). Resolvi então ficar sentado e bebericando o meu suco por uns 30 minutos, pois me preocupei com a situação. Não estava cansado, sem dor e sem fome. Deve ter sido frescura minha. Voltei para casa e tirei uma soneca até a hora do almoço.

No meio da tarde peguei o carro e fui comprar remédios, passei no Angeloni (creio que sou o maior comprados de sucos e água de coco do supermercado) e por fim passei no McDonald e comprei sanduíches para o pessoal lá de casa. Gente, que cheirinho bom tem esses sanduíches, depois que a atendente me entregou os sanduíches, voei para casa para não vê-los e nem senti-los mais. Foi questão de segundos e o pessoal os devorou. Que turma de acrídeos...

Passei o resto da tarde mosqueando pelo apartamento evitando de ficar muito tempo deitado para poder dormir bem a noite. Não fui caminhar hoje à tarde, pois o dia já foi suficientemente agitado para mim. À noitinha a vó me deu a injeção de Clexane na barriga, continuo sem fome, sem sede, sem dor e com a boca sem amargor. Terminado o jogo Internacional x São Paulo fui dormir, contente pelo meu filho Fernando, que é torcedor do Avaí. Durante o jogo, uma tosse me acompanhou o tempo todo. Nem dei bola.

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SEXTO DIA APÓS A CIRURGIA – TERÇA-FEIRA – 21/7/09

Acordei diversas vezes para atender o Paulo que não parava de tossir. Deve ter pegado um resfriado daqueles. O Nando deve estar indo para o mesmo caminho.

Levantei às 07:30 e tomei 1 comprimido de Nexium, sempre dissolvido em água. Para tanto, eu passei a utilizar um vasilhame de vidro vazio de patê da Perdigão e, com a ajuda de um soquete de madeira usado para preparar caipirinha, ficou muito fácil macerar o comprimido para após dissolvê-lo em água, antes de tomar.

Telefonei para o celular do Dr. Celso às 09 horas para agendar a retirada da sonda gástrica, conforme combinado anteriormente, ficando acertado para as 10horas na emergência do Hospital de Caridade. Como não tinha quem me levasse naquele momento, eu mesmo dirigi até o local. A Vó me acompanhou o tempo todo. Estão cuidando bem de mim, como sempre. Como saímos uns 20 minutos antes do horário combinado, aconselho a chegar com pelo menos 30 minutos antes no Hospital de Caridade, porque é realmente complicado achar uma vaga para o carro. Mesmo assim conseguimos chegar no horário.

Fui atendido de imediato na recepção e a funcionária ficou de comunicar minha chegada ao Dr. Celso. Aguardei não mais do que uns 20 minutos e escuto sua voz me chamando: Machuca vamos lá? Logo entrei e nos dirigimos para uma sala de curativos. Solicitou que uma enfermeira o acompanhasse e no caminho comentou: seu rosto está mais afilado, já sei que está cumprindo a dieta, você deve ter emagrecido um quilo por dia. Disse que não sabia, pois não havia me pesado ainda.

Sentei numa maca e ele começou a falar comigo e comentar que eu não deveria me preocupar, pois não iria doer nada a retirada do dreno. Disse que iria primeiro retirar os pontos e que me avisaria no momento que fosse retirar o dreno. Ledo engano, pois alguns segundos após ele já estava com ele pendurada em sua mão, e falou: viu como não dói nada. Claro né? O marmitão aqui estava aguardando o sinal para me preparar para sentir aquele puxão do tubo. É impressionante, realmente não senti o dreno sendo retirado. Terminou o curativo, tapando com gaze e esparadrapo o orifício deixado pelo dreno, e disse que deveria ir ao seu consultório, na próxima segunda-feira, para a retirada dos pontos das demais incisões. Curativos a partir de agora somente no local do dreno. Recomendou ainda que deveria aplicar um creme chamado Trifoderm sempre que refizesse o curativo. Na volta para casa comprei o creme.

Cheguei em casa e, como estava sentindo um pouco de dor generalizada pela barriga, tomei 50 gotas de Lisador, e fui deitar. Acordei às 12:30. Que vida boa. Levantei e fui tomar um caldo feito com sobre-coxa de frango sem pele com cebola, alho, cenoura e batata, exaustivamente cozido durante a manhã, sempre peneirado e com muito pouco sal. Estes caldinhos salgados e quentes quebram a monotonia dos demais líquidos e acabam identificando os horários das principais refeições.

Após o almoço a Silvia me levou ao Angeloni onde comprei suco Delvalle light de pêssego e maçã. Achei também água de coco com tangerina. Vou experimentar. Passamos na Farmácia Angeloni e perguntei o preço do Clexane 20mg com duas seringas e custava R$ 43,00 e o Nexium R$ 139,00. Deixei para comprar os remédios amanha na Pague Menos da Mauro Ramos, pois lá o mesmo medicamente custa R$ 32,00 e R$ 109,00, respectivamente. Uma grande diferença.

Assisti um pouco de televisão e voltei para a cama e acabei dormindo até às 17:30. Levantei, me agasalhei e fui caminhar por uma hora. Quando retornei já estava escuro. Bobeira minha, pois se pego um resfriado, quero ver eu ficar tossindo o tempo todo. Preciso ter mais atenção. Continuo sem fome, sem sede e a amargo da boca está desaparecendo. Jantamos e às 10:50 fui dormir.

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QUINTO DIA APÓS A CIRURGIA – SEGUNDA-FEIRA – 20/7/09

Continuo sem fome e estou começando a enjoar dessa história de estar bebericando o tempo todo. E dá-lhe Gatorate + chá + água de coco + caldo de carne, de peixe. Hoje comecei a tomar 1 comprimido de Nexium ao dia.

Levantei e fui caminhar com a Silvia na Beira Mar durante 1 hora. Caminho devagar e me sinto ótimo. Espaireço um montão. Retornamos e fui me deitar um pouco para relaxar a barriga.

O dia transcorreu normal, tirei uma soneca após o almoço, levantei e tomei banho. Esvaziei a bolsa do dreno que mal alcançava o segundo risco, a qual não esvaziava desde ontem ao meio dia. Creio que é um bom sinal. Na troca de curativos, em 4 deles passamos a usar somente BandAid. Mantivemos a gaze e esparadrapo somente na saída da bolsa

Às 17 horas fui dar uma nova caminhada, só que agora de 30 minutos. Às 19 horas a Vó aplicou a injeção de Clexane 20 mg, sempre na barriga.

Fui me deitar às 10 horas. Continuo sem fome e sem sede. Na realidade estou empurrando os líquidos. Continuo tomando somente gatorate, chá, água de coco e caldo de carne ou peixe (com pouco sal, sem gordura ou pimenta).

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QUARTO DIA APÓS A CIRURGIA – DOMINGO – 19/7/09

Amanheceu um dia frio e ensolarado. O relógio marcava 08 horas quando me vesti apressadamente, dissolvi o meu comprimido para pressão alta (Atacand 16mg + HCT 12,5 mg) e tomei junto com água de coco. Em seguida fui dar uma caminhada do meu condomínio até o Beira Mar Shopping. Acredito que ida e volta deve dar uns dois quilômetros. Não tinha vento sul e como fui bem devagar, valeu a pena. Durante a caminhada terminei de tomar a água de coco (200ml).

Às 09:30, logo ao entrar no apartamento, levei uma bronca da minha esposa sob a alegação que eu deveria sossegar, para não voltar a ter febre. Iniciei nova garrafa de Gatorade (500ml) sabor de tangerina, para cumprir o compromisso de ingerir 2 litros de líquidos por dia. Em seguida deitei e fiquei jogando videogame.

Fui ao banheiro ao meio dia e observei a coloração da urina. Estava clara, tudo bem. Se ficar escura é sinal que preciso beber mais líquido. Tomei banho, esvaziei a bolsa do dreno e retirei os curativos embaixo do chuveiro. Eles saem mais facilmente. A Vó novamente refez todos os curativos. Tirei umas fotos para recordação.

O almoço foi servido às 14 horas e do todo, a parte que me coube foi meia xícara de caldo de tucupi, que a Vó trouxe fresquinho de Belém. Sendo líquido, não estou fugindo da regra. Estava uma delícia. Passamos a tarde assistindo filme na televisão e às 17 horas acompanhei as meninas ao Angeloni. Foi uma saída rápida, mas bastante salutar. Retornei e por recomendação da Vó, fui me deitar. Dormi até as 19:30. Novamente a Vó aplicou a injeção de Clexane 20 mg.

Levantei e me foi servido o jantar: 150 ml de caldo de carne. Uma delícia, mas estou ficando enjoado dele. Às 11:30 fui dormir, sem fome, sem dor, mas com a boca ainda amarga e com sono.

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TERCEIRO DIA APÓS A CIRURGIA – SÁBADO – 18/7/09

Acordei às 08 horas e em seguida me levantei. A sensação de que cada dia é melhor do que o outro é verdadeira, apesar do gosto amargo na boca persistir. Tive uma noite tranqüila. Comentei com a Vó que pela primeira vez tive vários pesadelos estranhos. Ela comenta que provavelmente é ainda efeito de resquícios da anestesia. De qualquer maneira, não quero passar por este momento novamente.

Vou para a cozinha e me arrependo. O café está para ser servido e o cheiro da comida é chocante. Pego meu “breakfast” composto de uma embalagem de água de coco e sumo para a sala.

Interessante como o meu olfato e paladar se alteraram em tão pouco tempo. Sou capaz de sentir o cheiro do molho da carne sendo preparado, de lá do meu quarto e o paladar se torna cada vez mais apurado. Monto nova estratégia para sobrevivência. Abro a janela do quarto, que fica do lado sul, e deixo o vento entrar, levando consigo o meu desejo. Continuo sem fome e sem sede alguma. O que sinto é vontade quando sou estimulado visualmente ou pelo cheiro forte de uma comida qualquer. Parece que até quiabo fica gostoso.

Passei a manhã ocupado em pequenas atividades domésticas. Como é sábado e a empregada não vem nos finais de semana, aproveitei e dobrei as roupas da secadora, coloquei as lavadas no varal, levei a mala para o hobbybox e peguei a correspondência no hall de entrada do condomínio. Assisti um pouco de televisão e logo minha filha pede ajuda para temperar a carne a ser assada para o almoço.

Às 13 horas fui tomar banho e novamente esqueci de preparar um suporte para o dreno gástrico. Acabei improvisando duas sacolas do Angeloni para poder ficar com as mãos livres. Durante o banho molhei o corpo todo, inclusive os curativos (menos o do dreno) para facilitar sua retirada. Terminado o banho a Vô refez os curativos, que na minha opinião, somente o da saída do dreno é que precisaria de proteção novamente (gaze e esparadrapo), pois os demais já cicatrizaram. Como sempre, elas venceram. Foi curativo por todo lado. Durante a troca de gaze, minha esposa sentou na cama, ao meu lado, com a mão cheia de castanha de caju. Foi um desespero para mim, fiquei monitorando cada mordida que ela dava naqueles cajuzinhos torradinhos, salagadinhos e gostosíssimos. Em seguida ela comenta com a Vó que iria abrir um vinho tinto para o almoço. Resolvi permanecer na cama por mais tempo. Sábia decisão.

Uma boa dica para carregar a bolsa do dreno é vestir um abrigo e colocá-la no bolso. Inclusive passei a dormir com a calça do abrigo, pois faz frio e facilita este casamento com o dreno gástrico.

No meio da tarde tomo o meu almoço, 3 xicrinhas de caldo de carne quente. Como estava muito frio, passei a maior parte da tarde na cama, assistindo televisão.

Às seis da tarde estou sentado na sala quando aparece a minha filha. Ficamos conversando por mais de uma hora sobre minhas expectativas quanto aos resultados desta cirurgia. Foi muito bom para relembrar meus compromissos. Dentre os já citados, foi destaque a volta à academia de ginástica. Devido a ela, há mais de dois anos que freqüento regularmente uma academia. Isto foi muito bom porque não é que vou começar a ir a uma academia após a cirurgia, mas sim continuar indo. A ginástica é fundamental para ver se consigo esticar novamente minha pele que ficará flácida com a perda de peso. Caso contrário, precisarei fazer uma cirurgia plástica.

São 19 horas, a Vó me aplicou a injeção de Clexane 20 mg na barriga e estou agoniado, medi a pressão estava alta: 16:12. Passei para o termômetro e acusou 37,4°. Novamente medi a temperatura e estava subindo. Por que será, não fiz nada de errado? Quando deu 21 horas tomei 50 gotas de Lisador, na esperança de que ajudasse a controlar a temperatura, que chegou aos 37,8°. A Silvia e a Vó já queriam incomodar o médico e eu falei que somente telefonaríamos se a temperatura passasse dos 38°, o que não ocorreu. Então o que houve? Creio que passei o dia muito agitado o que deve ter contribuído para esta reação de meu corpo. Dormi o sono dos anjos.

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SEGUNDO DIA APÒS A CIRURGIA – SEXTA-FEIRA – 17/7/09

Lá pelas 08:30 foram me buscar e me levaram para tirar uma radiografia do tórax. Fui caminhando normalmente. Posicionaram-me em frente à máquina e me deram um copo de contraste. Alegria geral, pois ia começar a beber algo. Ledo engano. Que coisa ruim e amarga e ainda me pediam para beber aos golinhos para tirarem várias chapas do pulmão e do abdome. Terminada a sessão masoquista de fotos voltei ao apartamento.

Lá pelas 10:30 o Dr. Celso retornou ao apartamento comentando que tinha duas notícias: uma boa e outra ruim. A boa é que os Raios-X foram bons e não identificaram nenhum problema no caminho do contraste e a notícia ruim é que eu teria alta em seguida, após me medicarem. Que alívio.
Entregou-me a receita orientando sobre os medicamentos que deveria administrar em casa, os medicamentos foram:

  • Lisador – em caso de dor 50 gotas a cada 6 horas
  • Clexane – anti-coagulante – uma injeção na barriga no final da tarde. O medicamento já vem pronto para ser aplicado, com seringa, agulha e o medicamento. Basta tirar do invólucro e aplicar. Não dói nada.
  • Nexium – contra azia, dor epigástrica e regurgitação. Deverei iniciar a tomar somente na segunda-feira, um comprimido ao dia, sempre dissolvido em água.
  • Material para curativo: gaze, esparadrapo, algodão e soro fisiológico.

Fui orientado sobre o meu remédio para a pressão. Deveria continuar a tomar normalmente, mas sempre dissolvendo em água.

Deveria tomar de 1,5 a 2 litros de líquidos todo dia. Beber em pequenas porções de até 25 ml – meio copo de cafezinho – em intervalos curtos. Deveria observar a coloração da urina, que em caso de ficar muito amarela indicaria a falta de líquido no organismo. Chamou-me ainda a atenção para o fato de seguir restritamente as recomendações e que em caso de dor muito forte ou febre, deveria imediatamente telefonar para o seu celular. Solicitou que a enfermeira me desse um papel com orientações.

Às 11 horas uma assistente social da Unimed esteve fazendo algumas perguntas sobre o atendimento dado pelo hospital e meu estado geral. Em seguida, enquanto tomava banho, alguém da área administrativa do hospital trouxe o meu alvará de soltura e comentou a excelente notícia de que todas as despesas estavam cobertas pelo meu plano de saúde – Unimed Uniplan.

A enfermeira trocou os curativos, me medicou e às 12 horas o Nando nos levava de carro de volta para casa. No caminho passamos pela farmácia para comprar os medicamentos indicados.

Chegar em casa é uma delícia porque se voltei é porque estou bem de saúde e nada como “lar doce lar”. Fui direto para a cama e tirei um cochilo, enquanto a Silvia ia ao supermercado comprar gatorate, água de coco, chá e um pedaço de carne magra e fresca para preparar um caldo para mim.

Iniciei minha alimentação com líquidos prevista para os próximos 15 dias. Realmente 25 ml não são nada, mas suficiente para um recém cirurgiado do estômago. Começava a enfrentar de frente o meu maior medo: o de ficar desesperado pela impossibilidade de ingestão de grandes quantidades de comida, principalmente de água. Como eu poderia me satisfazer bebericando aquelas quantidades ínfimas de chá.... gatorate ... água de coco... caldo de carne peneirado e esta ainda com pouco sal ???

Passei o resto da tarde colocando os e-mails em dia e comecei a escrever estas anotações que você está lendo. De vez em quando recebia telefonemas e visitas de amigos, indo me deitar lá pelas 11 horas da noite.

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PRIMEIRO DIA APÓS A CIRURGIA – QUINTA-FEIRA – 16/7/09

Acordei às 08 horas com a boca, a língua e os lábios ardendo, agora somente em brasa, não havia mais chamas. Sentia menos dor do que no dia anterior e, completamente sem fome, sem vontade alguma de comer ou beber. Veja que estava desde terça-feira às 18 horas sem colocar nada na boca, nem comida e nem água. Impressionante que apesar da boca seca, não sentia sede. Muito bom.

Começou a romaria de telefonemas e visitas de parentes e amigos. É bom receber uma visita ou um simples telefonema.

Em uma dessas visitas, a Silvia ofereceu cocada e doce de cupuaçu que a vó tinha trazido de Belém do Pará. Foi um espetáculo à parte. Imagine a cena: eu, deitadão no hospital, sem comida e nem água, e a patroa distribuindo doces para os presentes. Todos sentados em cadeiras no sofá em frente a minha cama, tecendo os mais variados comentários sobres às iguarias em questão. Que delícia, que gostoso, quer mais um?... Olha, temos bombons de cupuaçú também, experimentem...Foi o meu primeiro contato com a vontade. Fome você não sente, mas vontade não se tem como evitar, principalmente quando excitada, como agora. À noite a cena se repetiu e não tinha como evitar. Achei que seria melhor assim (não tinha escolha), já começando a enfrentar o bicho de frente.

Lá pelas 10 horas recebi a visita do Dr. Celso que me fez algumas perguntas sobre o meu estado de saúde e emocional. Perguntei se deveria continuar tomando meus comprimidos para a pressão alta e ele disse que como estava tomando medicamentos contra dor, eles por si só, controlariam a pressão arterial, pois tendem a baixar a pressão do ministrante. Recomendou que deveria evitar falar muito para diminuir a formação de gases e inchar o abdômen. Somente após iniciar a liberação dos mesmos é que deveria recomeçar a falar. Foi a alegria da turma: ele vai parar de falar. Combinamos que ele voltaria no dia seguinte e que se o Raio-X que iria tirar pela manhã estivesse bom, e eu estivesse em boas condições, poderia me dar alta.

Em seguida aproveitei e tomei banho e a enfermeira refez os curativos. Sentia-me novo em folha e sem fome. Caminhei pelos corredores por duas vezes durante o dia.

O melhor momento é na hora das refeições. Aquelas panelinhas maravilhosas entram no apartamento exalando um cheiro fantástico que te faz se imaginar no Ataliba. No almoço serviram carne cozida, purê de batata, arroz e salada. Que cheiroso estava. Minha vontade de comer foi às alturas de maneira que a vó e a Silvia foram comer no banheiro, que por sinal é quase tão grande como o quarto. Gentileza delas.

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DIA DA CIRURGIA – QUARTA-FEIRA – 15/7/09

Levantei as 04 horas da manhã e comecei a caminhar pelo apartamento. Estava tenso, pois ia para a faca em poucas horas. Tomei banho, me vesti e fomos para o hospital. Chegamos lá as 06:15 e como me haviam orientado anteriormente, o Setor de Internação somente abriu as 06:30. Logo, não adianta chegar mais cedo. Entreguei toda a documentação necessária para a internação:
  • Guia de internação da Unimed
  • Carteira da Unimed
  • Carteira de Identidade
  • CPF
  • Conta de Luz ou água atualizada

Após cerca de 15 minutos veio um enfermeiro e me levou para o setor cirúrgico. Tirei toda a roupa e vesti dois aventais. O primeiro aberto atrás e o segundo na frente. Vesti uma sapatilha fina de tecido. Acredito que aquela sapatinha extrafina e perigosamente lisa foi feita para evitar que o paciente queira fugir de última hora. De qualquer maneira, devia estar parecendo um verdadeiro E.T.

Caminhamos alguns metros por um corredor, me despedi da Silvia e fui para a sala de cirurgia. O movimento estava grande, gente entrando, saindo, passando e eu, o artista principal, nas mãos deles e de Deus. Era um tal de Sr. Machuca daqui, dali e de acolá. Minha primeira preocupação foi de que não caberia naquela mesa cirúrgica. Ela era muito estreita. Falaram para não me preocupar que não me deixariam cair. Pediram para tirar o primeiro avental. Como só havia mulheres no local, falei que estava com vergonha de tirar a roupa. Na realidade, vergonha, medo, de tudo um pouco. Passei para a mesa e me pediram os dois braços, os quais ficaram pousados em umas pranchas que saiam das laterais da mesa cirúrgica. Amarraram os meus pulsos e uma enfermeira começou a enfaixar cada um dos meus pés, da sola até o joelho. Perguntei o por que de me amarrarem todo e ela disse que era para evitar que as pernas inchassem com a anestesia. Naquela posição, parecia que seria crucificado na horizontal. A outra enfermeira começou a me etiquetar o peito. Perguntei se estavam me embalsamando para remeter pelos correios. Todos riram e eu mais ainda. Ria de nervoso. Pediram para que eu olhasse uma câmera que estava pendurada em um braço de metal em minha frente. Falaram que meu rosto seria filmado e em seguida toda a cirurgia. Logo entrou a anestesista, a Dr. Renata, loira, alta, esguia e bastante tranqüila. Começou a conversar comigo procurando me acalmar. Colocou uma máscara de oxigênio no meu rosto e falava que tudo correria bem, que eu iria dormir, não sentiria nada e que me encontraria após a cirurgia, quando acordasse na sala ao lado.

Acredito que era ao redor de 12 horas quando me dei conta que o espetáculo havia terminado. Estava tonto e com muita dor na boca do estômago. Imediatamente vieram me perguntar como estava me sentindo. Falei da dor e eles me aplicaram uma injeção, afirmando que em poucos minutos a dor passaria. Dormi, acordei, dormi novamente e a dor não parava. Perguntaram novamente e eu falei: “tá doendo demais aqui”. Coloquei a mão no peito, entre os mamilos, descendo uns cinco cm, onde fora feito uma das cinco incisões. Passado algum tempo veio um médico cirurgião e disse que teriam que ajustar a profundidade do dreno. Para não me preocupar que não doeria quase nada. Ele tirou os esparadrapos e ajustou a sonda. O quase nada se transformou em bastante, mas como era para uma boa causa, me tirar a dor, valeu. Em poucos minutos a dor começou a diminuir para uma intensidade aceitável. Dormia e acordava. Abria os olhos e me perguntavam se estava bem. Falei que estava com dificuldade de respirar. Acredito que aumentaram o oxigênio, mas não adiantou. Estava respirando que nem um cachorrinho. Inspirava pouco ar várias vezes, uma seguida da outra. De repente aparece uma japonesinha, era a fisioterapeuta. Chegou e falou: “Sr. Machuca, vamos lá?” “Vamos aonde?” perguntei. Ela começou a comandar o show: comigo, agora, respire fundo. Acredito que eu estava com medo de respirar mais profundamente, pois acreditava que os pontos internos poderiam arrebentar. Ela começou a flexionar o meu peito, pelas laterais, me pedindo para inspirar e expirar profundamente, conforme seus movimentos. Repetiu diversas vezes, mudou os exercícios respiratórios e uns 10 minutos após acabou a falta de ar por completo. Que coisa boa, não é. Venci o medo dos pontos arrebentarem.

Tudo bem, pouca dor, respirando normal, às 14:30 me levaram para o apartamento 208 da Ala de Nossa Senhora da Saúde. Já no corredor a Silvia (esposa 55) e o Paulo (filho 27) estavam me aguardando. Foi um verdadeiro rali. Nunca corri tanto em uma maca. Em milésimos de segundo estava no apartamento, quando me deparei com o primeiro desafio: passar da maca para a cama. Até aquele momento eu mal piscava os olhos e agora teria que movimentar 130 quilos e ainda, em direção lateral. A família estava completa no apartamento. A Jacira (vó 77), a Mônica (filha 18), o Nando (filho 21) o Paulo e a Silvia. Staff completo. Desenrolaram as faixas das pernas e me acomodaram na cama. Não foi fácil, pois em seguida fui acometido de ânsia, acredito que pelo esforço. Trouxeram-me um rim inoxidável e chamei o “hugo” umas quatro vezes, e nada, pois não tinha o que vomitar. Veio aquele suador danado seguido de uma bem-vinda calmaria.

Uma enfermeira se apresentou e começou a me medicar. Tomava injeções de remédios contra dor e ânsia. Possivelmente algum antibiótico junto. A garganta parecia que estava em chamas, a dor da cirurgia tomava conta do peito, a boca e os lábios estavam ressecados, mas nada que não fosse previsto.

De tempos em tempos a Silvia molhava os meus lábios com um algodão umedecido. Era um alívio instantâneo, mas os lábios continuavam ressequidos. A Vó pegou uma toalha de rosto embebida em água e aplicou em meu rosto e pescoço. Refrescou a boca e a garganta.

Sob o protesto de toda a família iniciei os meus primeiros movimentos na cama. Virar de um lado para o outro. Sou uma pessoa muito ativa e não conseguia ficar parado na mesma posição, na verdade ninguém consegue. Era difícil me movimentar, mas foi importante para o meu bem estar e autoconfiança naquele momento.

No final da tarde, veio uma outra fisioterapeuta para aplicar os mesmos exercícios. Ela perguntou se eu gostaria de ir ao banheiro. Foi minha salvação. De imediato aceitei a idéia, novamente sob protesto familiar, e fui ao banheiro, amparado por ela. Foi ótimo ficar em pé. Parece que eu voltava a ter o controle do meu corpo. Em seguida recomendou alguns exercícios que deveria fazer várias vezes ao dia e que, se me sentisse seguro, deveria sair e caminhar pelo corredor do hospital, que só me faria bem. Dito e feito, a noite lá estava eu caminhando pelo corredor, carregando o suporte com dois frascos de soro dependurados.

Importante salientar as dicas do Sr. Constâncio, um dos amigos que me visitaram, de que se deixasse o suporte de soro somente sob duas das quatro rodas, ele deslizaria com facilidade. Funcionou e deixei de caminhar carregando aquele peso todo. O que é uma boa dica na hora certa, não é?

Após intermináveis discussões de quem fica e de quem vai, a Silvia passou a noite comigo. Uma noite um pouco agitada, pois além do stress que tinha passado, as enfermeiras me medicaram várias vezes, noite adentro.

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UM DIA ANTES DA CIRURGIA – TERÇA-FEIRA – 14/7/09

Fui fazer uma avaliação com um anestesista no Hospital de Caridade às 11 horas. Em seguida fui para o Setor de Internação e fiquei sabendo que não havia garantia de minha entrada no apartamento naquele dia, pois o hospital estava lotado. Fiquei de telefonar as 15 horas. Após dois telefonemas me pediram para falar com o Dr. Celso ficando acertado que entraria no hospital na quarta-feira, às 06:30 da manhã, quando me encaminhariam direto para a cirurgia.

Passei o dia tomando somente sopa de macarrão "cabelo de anjo". Muita água e pouco macarrão. Às 19 horas diluí uma ampola de plástico com 130 ml de Phosfonema em 200 ml de suco de laranja. Foi o meu passe para não me afastar mais da patente. Limpou até a minha alma. Desde então nem água podia ingerir. Interessante ressaltar que a ampola é para aplicação retal do medicamento, para esvaziamento do cólon. Fiquei na dúvida, mas mesmo assim, preferi segui a orientação do Dr. Celso.

Para minha surpresa, salvo as idas e vindas ao banheiro, foi uma noite bastante tranqüila. Acredito que foi melhor ter ficado em casa do que ter ido dormir no hospital.

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INFORMAÇÕES GERAIS

PÚBLICO ALVO:

Pessoas com IMC (índice de massa corporal) maior do que 35, para que possam entender os relatos apresentados.

DIVULGAÇÃO:

Estou disponibilizando essas informações na internet para facilitar seu acesso às pessoas interessadas. Neste blog que está sendo criado, detalho informações sobre o que me levou a fazer a cirurgia, minhas expectativas quanto aos resultados a serem alcançados e sua evolução, por meio de relatos, conforme mostro abaixo.


  • relatos inicialmente diários até o 15º dia da cirurgia,
  • dois relatos por semana até o 30º dia da cirurgia,
  • semanais até o 6º mês da cirurgia e, posteriormente,
  • relatos somente mensais.
Poderão ser agregados a este Blog, relatos e comentários de outros pacientes. Poderá se transformar num Blog destinado à troca de informações entre pessoas operadas e aqueles que estão considerando a possibilidade de operar, mas que necessitam de informações principalmente de pessoas que sofreram este tipo de cirurgia. Acredito que esta é uma lacuna que precisa a ser preenchida.


MINHA HISTÓRIA:

Sou natural do Paraná e estou morando em Florianópolis desde 1981. Desde sempre, me recordo lutando contra o excesso de peso. Quando adolescente já tinha dificuldade de comprar roupas, pois eram sempre de tamanho pequeno. Não que eu fosse muito gordo, mas estava acima da média. Hoje em dia já não é fácil achar o meu número de calça e camisa, imaginem a 40 anos atrás. Passei boa parte de minha vida preocupado com o excesso de peso. Acredito que tenha feito todo tipo de dieta possível. A da lua, das frutas, do abacaxi, da proteína e gordura, a da sopa, vigilantes do peso, dos shakes, sucos, e por aí vai. Tomei remédio de topo tipo para emagrecer. Alguns legais (com orientação médica) e outros ilegais (from Paraguai). Creio que poderia escrever um livro intitulado “1001 dietas que segui, sem sucesso”. Estou ciente que a culpa não é das dietas, mas minha, que em pouco tempo recuperava os quilos perdidos e ganhava alguns extras. Desta maneira cheguei aos 54 anos pesando 130 kg, com IMC de 40,4.

Por duas vezes, há 10 e a 6 anos atrás, me informei sobre diferentes tipos de cirurgia para emagrecer, mas acabei desistindo de última hora. Com certeza não tinha chegado o momento. Não estava preparado psicologicamente para enfrentar não somente a cirurgia, mas principalmente, este novo modo de vida que se impõe a todos aqueles que efetuaram redução do estômago.

EXPECTATIVAS:

Chegou o momento. Cansei de ser gordo. São tantas as desvantagens que não há gula que se imponha. Além do aspecto psicológico, problemas de saúde começaram a aparecer, o que pesou à favor da decisão de fazer esta cirurgia. Como sempre procuro ter um mínimo de planejamento na minha vida, elaborei uma tabela comparando as Vantagens e Desvantagens dessa tomada de decisão. Foram elas:

Vantagens de se fazer a cirurgia:

1. Acaba a Esofagite Erudida II - refluxo bipolar - amargor permanente na boca - paro de tomar Pantoprazol.
2. Acaba com a Pressão Alta a médio prazo - paro com Atacand 16 mg + HCT 12 mg - diurético - com possível prejuízo aos rins, a longo prazo.
3. Acaba com a Esteatose - já apresento gordura no fígado.
4. Acaba com a Apnéia no Sono - falta de ar - acordo várias vezes - levanto cansado.
5. Elimino de vez o risco de ter diabetes. Hoje a minha glicose já está em 100.
6. Deixo de ficar sonolento o tempo todo, vivo cansado.
7. Acabo com as irritações de pele – principalmente nas entrecoxas.
8. Melhoro minha condição motora - articulações e mobilidade / 50 kg mais leve = aumenta e muito o meu fôlego.
9. Deixo de ser um glutão dentro de casa - acaba o mau exemplo e começa o bom exemplo. Quem não se cuidar, acaba futuramente na faca.
10. Melhoro a aparência - ficarei igual aos outros, na média. Deixo de chamar a atenção.
11. Vou poder escolher o que vestir, finalmente.
12. Vou voltar à academia de ginástica, após algum tempo. Será necessária.
13. Hoje eu posso fazer esta cirurgia, pois ainda estou bem de saúde. Amanhã ninguém sabe.

Desvantagens de se fazer a Cirurgia:

1. Risco durante a cirurgia. Posso vir a falecer.
2. A conseqüências pós-cirurgia, a médio e longo prazo, são imprevisíveis.
3. Talvez precise de uma cirurgia plástica / corretiva das pelancas e excesso de pele (na barriga).
4. 30% dos operados voltam a engordar, caso não sigam a dieta e demais recomendações médicas.
5. Deixarei de comer nos primeiros meses. Vou passar vontade...muita vontade. É de chorar.
6. Talvez necessite de apoio psiquiátrico nesta 1° fase.
7. Acompanhamento nutricional permanente – evitar anemia.
8. Ocorrência de dumping - ao ingerir algum doce baixa a minha pressão.
9. Discriminação: deixo o grupo dos obesos e vou para o grupo dos que não comem.
10. Dificuldade de socialização. Num primeiro momento, me afasto. Depois fica a imagem do cara que não pode comer... Ele nem come - nem convide.
11. Mudança na família, sai o bom companheiro na comida e ainda - o pai não come, coitado dele.
12. Obeso disfarça bem a idade, ficando magro parecerei mais velho do que aparento hoje.
13. Sai a Samanta. És-Samanta de Gordura. O que será que ela encobriu este tempo todo? Novos desafios.

Passados seis meses após a cirurgia farei uma análise sobre minhas expectativas frente ao que ocorreu comigo realmente. Será muito interessante.


MÉDICO versus PACIENTE - Uma interação de confiança

Confiança é a palavra chave quando você escolhe um médico para lhe fazer uma cirurgia. Ele não pode ser somente um bom profissional, um excelente cirurgião, renomado, com várias cirurgias realizadas com sucesso. Claro que tudo isso pesa no momento de decisão, mas para mim, o mais importante é a interação entre você e o médico. Ele deve inspirar confiança, deve deixar transparecer que está à par de suas dúvidas e de suas angústias. Deve ser otimista e estar preparado para responder a qualquer de suas dúvidas, de pronto.
Foi o que aconteceu entre eu e o Dr Celso. Desde a primeira consulta, que ocorreu de forma informal, num jantar na casa de meu irmão Dorvalino e sua esposa Lucila, senti que havia chegado o momento de tomar uma decisão a respeito de minha obesidade. Na mesma semana marquei uma consulta em seu consultório, quando iniciamos as conversações sobre minha possível cirurgia. Por meio de sua secretária Jane, forneceu vários contatos com pessoas que haviam feito a mesma cirurgia que eu estava me propondo. Estes contatos foram fundamentais para minha tomada de decisão, pois ninguém melhor do que eles para lhe responderem suas dúvidas e até angústias. Em uma das consultas com o Dr Celso fui decidido a não fazer mais nenhuma cirurgia. Estava com medo de passar fome e sede. Doutor, eu nunca mais vou poder comer e nem beber, indaguei-lhe? Ele deu risada e disse que não passaria nem sede e nem fome, mas sim vontade e que esta deveria ser administrada dali pra frente. Diante de minha dúvida, e como estávamos com a data da cirurgia agendada no hospital para o dia 15 de julho de 2009, me deu mais uma semana para pensar. Antes de sair de seu consultório, ele foi bastante enfático quando me disse: Machuca, estarei sempre aqui. Se ainda estiver em dúvida após esta semana, basta me telefonar que cancelamos a cirurgia. Posse lhe aguardar por meses, neste ano ou no ano que vem. O importante é que esta decisão é sua, e de mais ninguém. Quando você estiver pronto, a hora haverá chegado. Naquele exato momento decidi fazer a cirurgia. Mesmo assim aguardei a semana extra e fui com minha esposa para a última consulta antes da cirurgia.


O MOMENTO DA DECISÃO – Tipo de Cirurgia

Basta navegar na Internet para se ter uma idéia dos diferentes tipos de cirurgia para emagrecer. Tem emissora de televisão que apresenta um programa para vender um determinado tipo de cirurgia. Tem até tese de mestrado tratando do assunto. Numa primeira impressão é de que tanta informação mais confunde do que ajuda na tomada de decisão. Para decidir que tipo de cirurgia deveria fazer, levei em consideração as seguintes informações: 1. Na década de 70, minha mãe teve o que chamavam de “nó nas tripas”, o que a levou a fazer duas cirurgias para resolver o problema. Na segunda cirurgia, o médico decidiu fazer um bypass no intestino, isto é, um desvio da parte comprometida. Desta maneira o problema foi solucionado, mas ela passou a ter urgência em ir ao banheiro, além das fezes serem extremamente fétidas. O problema se tornou tão desagradável, que chegou a modificar seu modo de vida. 2. Na década de 80 foi a vez de meu pai. Ele teve câncer que o obrigou a tirar 2/3 de seu estômago. Mesmo sendo uma pessoa magra, acabou perdendo mais de 15 quilos, passando de 80 para 65 quilos, com 1,78 metros de altura. O único problema que enfrentou foi o de dumping, isto é, assim que ingerisse doce, sua pressão baixava de imediato, acompanhada de uma leve sudorese. Ambos já são falecidos de causas não relacionadas as cirurgias que fizeram. 3. Com base nestes fatos que convivi com meus pais, somei a informação dos tipos de cirurgia que tem obtido os melhores resultados, isto é, que a pessoa emagrece e dificilmente volta a engordar. Como não acredito facilmente em milagres, acabei decidindo pela que eu melhor me adaptaria, optando finalmente pela redução do estômago acompanhada de um bypass intestinal. Mesmo este tipo de cirurgia apresenta diversas opções, das quais optei pela “Redução de Estomago com Bypass Gastrojejunal em Y de Roux”, recomendado pelo cirurgião Dr Celso Empinotti. Minha decisão teve como diretriz uma mudança radical no meu modo de vida, passando da situação vivida durante 54 anos de “Viver para Comer” para uma nova postura de “Comer para Viver”.





FOTOS









Foto com meu filho, tirada em Jun/09. Passava dos 130 Kg.






Detalhe da barriguinha light.






Vivendo para comer.








Os 5 orifícios por onde foi feita a cirurgia e o dreno intestinal.



Detalhes com curativo









Saída do dreno.

Orifício da saída do dreno, sem pontos e sem o dreno. Fechou em uma semana.


Churrasco 21 anos do Nando em 12/08. Menos 18 quilos.

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